Relatos de uma futura Terapeuta Ocupacional

Este blog foi criado para discutir e comentar fatos interessantes referentes ao campo da Terapia Ocupacional, principalmente as experiências vividas no meu querido curso. Procuro também relacionar o que de mais importante considero nesta minha 'nova' vida acadêmica como estudante universitária. As postagens aqui feitas não serão um simples 'Ctrl+C e Ctrl+V', é muito mais do que isso... Para mim é uma forma de amadurecimento e desenvolvimento acadêmico e profissional. Bem-vindos!!!!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O início de 3º período(um pouco de história)

As vezes me pego pensando na maneira inusitada com que entrei na faculdade de Terapia Ocupacional.
Acho legal compartilhar com vocês essa história, já que ela pode servir de base para muitos estudantes indecisos ou desestimulados!
Vamos lá! rs...

Sou natural da cidade de Juiz de Fora - MG(estudo na UFRJ), filha única de pais casados. Para falar a verdade, somos uma família muito unida, e eu nunca fui uma garota que passava meses ou finais de semanas fora de casa... (ninguém da minha família acreditava que eu conseguiria me manter longe dos meus pais...)

Sempre idealizei ser Ginecologista e Obstetra, o parto e a maternidade sempre me encantam, e a possibilidade de ser útil na vida de uma pessoa era o que mais me chamava atenção na Medicina.

Prestei vestibular para Medicina na UFJF, e o resultado da 1ª etapa saiu no dia 17 de janeiro de 2011. NÃO PASSEI! (Pessoal, meu mundo caiu naquele dia, chorei, desacreditei em DEUS, pensava que nada mais teria sentido)
No dia seguinte, já tinha me inscrito em um cursinho pré-vestibular, ou seja, tentaria de novo!

As luzes no fim do túnel ainda não estavam apagadas, ainda restava o Sisu, que utiliza a nota do Enem para que ingressemos na faculdade.
O processo seletivo durou 4 dias(se eu não me engano), e eu comecei a me interessar em Enfermagem e Obstetrícia. No último dia, vi que minha nota também não daria para tal curso, e então decidi fazer uma pesquisa mais ampla dos cursos que a UFRJ disponibilizava(sem nenhuma intenção clara de sair de casa ainda... inclusive meus pais nem imaginavam que eu estava a procura, mesmo que superficialmente, de um curso que me fizesse sair de casa). Optei por Fonoaudiologia(SIM! Amo a área da saúde!), e nesta mesma lista vi o nome TERAPIA OCUPACIONAL!
Não sabia o que era, não sabia do que se tratava... Pesquisei na internet sobre esta carreira, mas sem maiores detalhes... na verdade nem pude entender muito o que aqueles textos diziam...(como assim estudar o cotidiano humano??? Trabalhar com a atividade humana? Hã?). Não sei o que aconteceu naquele momento... minhas mãos levaram-me a optar, em primeira opção, por Terapia Ocupacional(acredito que DEUS colocou suas mãos sobre o mouse, rs...)

O resultado saiu adiantado... em um domingo a noite... 21hs...
PASSEI!!! Em 8º lugar...
Fiquei muitooooooo feliz! E daí veio o impacto... eu sairia de casa?

Minha mãe chegou a me pedir que não fosse embora... mas algo me tocava, e eu tinha uma vontade absurda de vir e mudar completamente de vida!
E assim foi feito!

Perante dificuldades financeiras, crises pessoais, dúvidas, medo e muita saudade, consegui me manter aqui...
E hoje, eu sei que devo agradecer as muitas pessoas... Minha familia, meus amigos e meus padrinhos foram peças fundamentais neste processo!

Aqui estamos... 3° período, e a visão que eu tenho de Terapia Ocupacional mudou muito...
A cada aula, cada leitura e cada reflexão eu valorizo mais a minha futura profissão...

Tudo tem uma explicação e uma razão... E sim! Hoje eu tenho CERTEZA que serei TERAPEUTA OCUPACIONAL, e não uma simples Terapeuta... Serei uma profissional repleta de amor e paixão às práticas, engajada nas lutas pela categoria, compromissada com a satisfação, felicidade e o bem-estar físico e mental de cada cliente!



Bom, é isso... Acho importante postar aqui um pouco desta história...
E quem está lendo, comente aqui! Fale um pouco da sua história como terapeuta!

A história dos outros nos faz refletir sobre muitas coisas...

Termino o post com uma frase...


"Qual seu limite? Quais os obstáculos que se apresentam em seu caminho? Você é que faz seu destino, você que estipula seus limites, os obstáculos, esses existem, mas nunca são intransponíveis, tudo depende de sua motivação pessoal, de seu otimismo em relação a vida."
(Luis Alves é coach e palestrante)
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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Entrevista com a Dra. Rosa Mitre

Data da entrevista: 08 de fevereiro de 2012.
Local: Instituto Fernandes Figueira - Flamengo, Rio de Janeiro.


Dra. Rosa Mitre

Terapeuta Ocupacional desde 1980 pela escola de reabilitação do Rio de Janeiro com diploma pela ‘Suam’.
Trabalha desde que se formou, passando por diversas áreas, mas com um gosto maior por crianças. De seqüelas neurológicas a síndromes, trabalhou na Apae e em clinica para transtornos de comportamento e déficit de aprendizado.
Na época, sua maior vontade era trabalhar com crianças hospitalizadas, porém ainda não havia essa área para Terapia Ocupacional já que o estatuto da criança só entrou em vigor em 1990. Antes disso o atendimento a criança era diferenciado e não havia nem o direito ao acompanhante.
Dessa maneira, Rosa iniciou estudos nessa área começando por um curso pequeno com uma terapeuta norte-americana sobre o Child Lived onde o ‘brincar’ é o principal instrumento na hospitalização e adoecimento infantil.
Fez uma especialização em psicopedagogia  clínica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ – onde foi a primeira terapeuta ocupacional a cursar nesta área. Durante o processo de inscrição, teve que passar por uma avaliação para que fosse apta a concorrer com os outros candidatos para o concurso. “Espero não ter sido nem a última nem a única” Disse sobre essa experiência.
A chance de ser terapeuta ocupacional num hospital pediátrico veio com um concurso para a fundação municipal de saúde de Niterói, mas as distribuições das vagas a levaram para um hospital psiquiátrico, onde conheceu o Marcos Vinícius (nosso professor).
Conheceu uma psiquiatra psicanalista infantil que trabalhava com o ‘brincar’ como recurso terapêutico para hospitalização e adoecimento na infância e em 1996 foi cedida para o instituto Fernandes Figueira, da FIOCRUZ, onde trabalha até hoje com esse projeto.
Terminou a especialização e fez mestrado e doutorado em saúde da criança e da mulher usando sempre a perspectiva do ‘brincar’ como recurso e após um tempo, as circunstâncias a tornaram coordenadora do programa até que em 2006 a Fiocruz abriu um concurso para pesquisador na área de Terapia Ocupacional e desde então, deixou de ser cedida passando a pesquisadora desta casa.

A profissional

O programa que Dra. Rosa desenvolve engloba: assistência, ensino e pesquisa na área de saúde da criança e adolescente com caráter interdisciplinar.
A assistência do programa é conjunta e os profissionais atendem a todas as crianças hospitalizadas. Dessa maneira, o atendimento deixa de ser em Terapia Ocupacional, mas a formação possibilita a intervenção para diminuição do stress, angústia, ansiedade, facilita o processo de aprendizagem e relações dentro do ambiente hospitalar para que a criança possa assimilar o que está acontecendo dentro do processo de hospitalização e adoecimento.
Além disso, Rosa participou da comissão de discussão sobre humanização e ainda participa do grupo de cuidados paliativos. Também faz parte da comissão de residência multiprofissional em saúde da criança e adolescentes cronicamente adoecidos. Essa residência recebe 7 categorias profissionais, atualmente, 2 residentes são de Terapia Ocupacional
Lígia, terapeuta formada a um ano do interior de São Paulo prestou concurso e é residente no projeto multidisciplinar.

Esquematizando, Rosa trabalha em duas frentes. Uma com projeto ‘’Saúde e Brincar’’ na saúde da criança e outro na residência em Terapia Ocupacional, onde supervisiona junto com uma colega, Fernanda Mali. São projetos distintos que em alguns momentos trabalham juntos.

Recursos Terapêuticos

“Primeiro recurso terapêutico: ‘brincar’. E não é brinquedo, é brincar. O brinquedo  usa como um material, como um instrumento, mas o recurso terapêutico é o brincar.”- disse quando questionamos quais recursos terapêuticos eram usados no projeto.
Na Terapia Ocupacional, costuma-se usar o brincar como algo para se atingir um outro objetivo, o chamado ‘atividade meio’. No Saúde e Brincar a proposta não é essa, o objetivo é usar esse recurso de maneira livre e espontânea, de escolha absoluta da criança possibilitando o direito de escolha, de expressar o que gosta e principalmente o direito de ter prazer nesta atividade.
Tudo isso é considerado porque o brincar é garantido na constituição e é de grande importância no desenvolvimento infantil. Quando há o adoecimento e/ou internação infantil, esses processos são colocados em risco.
 
O conceito do saúde e brincar não tem a mesma idéia da brinquedoteca, mas sim a intenção de montar o setting terapêutico no meio dos espaços hospitalares e assim tornar a ação lateralizada e visível a todos que estejam por perto.
Considerando esses aspectos, chegamos ao ponto em que indagamos quais materiais podem ser utilizados pelo projeto. A resposta é simples: só se usam materiais que podem ser limpos, esterilizados com álcool 70º.

A prática do Saúde e Brincar

A avaliação dos pacientes é feita diariamente pela manhã por uma equipe que vai até os leitos para identificar quais as crianças e suas necessidades assim, há um certo planejamento na distribuição das atividades levando em consideração a situação e condição de cada criança.
            Após cada dia de atendimento, é feita uma espécie de estudo de caso multidisciplinar para que seja observado cada caso por diversos pontos de vista.
            Esse trabalho envolve também todo o contexto em que a criança está envolvida ,  pois deve-se considerar que a família, residência, escola e etc; tudo isso afeta diretamente o tratamento dessa criança.

            É válido ressaltar que o foco do programa não é o brinquedo, e sim o ‘’Brincar’’. O brinquedo é apenas um objeto, que, inclusive, pode ser adaptado e modificado para os mais diversos atendimentos.

            O Programa Saúde e Brincar, possui uma sala, no Insituto Fernandes Figueira.
O interessante é que a sala é repleta de brinquedos, dos mais diversos tipos, um verdadeiro paraíso infantil. 

            As participantes do Programa, usam jalecos diferentes, eles são coloridos e com botões em forma de bichinhos. Uma forma de facilitar a aproximação em crianças, e de expressar, indiretamente, a alegria do Projeto.


            Não há o uso de tecnologias mais avançadas como recurso terapêutico. Já foi usado o Kidsmart(computador), porém ele está quebrado.
Dra. Rosa nos relatou que alguns adolescentes conseguem um laptop, logo, há uma maior comunicação com o mundo, inclusive, sua residente já auxiliou uma jovem a fazer um diário virtual que refletisse essa nova condição de vida. Com a Terapeuta Ocupacional Fernanda Maia, há uma perspectiva de que a Comunicação Alternativa seja mais explorada, porém o objetivo do Saúde e Brincar, é o brincar livre.

Rasgar elogios a Dra. Rosa será redundância. Esperamos que no vídeo que fizemos, todo o nosso carinho e admiração já estejam expressos.
É confortante saber que a Terapia Ocupacional tem profissionais tão competentes e brilhantes!
Mais uma vez, obrigada, Dra. Rosa!





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