Local: Instituto Fernandes Figueira - Flamengo, Rio de Janeiro.
Dra. Rosa Mitre
Terapeuta Ocupacional desde 1980 pela escola de reabilitação do Rio de Janeiro com diploma pela ‘Suam’.
Trabalha desde que se formou, passando por diversas áreas, mas com um gosto maior por crianças. De seqüelas neurológicas a síndromes, trabalhou na Apae e em clinica para transtornos de comportamento e déficit de aprendizado.
Na época, sua maior vontade era trabalhar com crianças hospitalizadas, porém ainda não havia essa área para Terapia Ocupacional já que o estatuto da criança só entrou em vigor em 1990. Antes disso o atendimento a criança era diferenciado e não havia nem o direito ao acompanhante.
Dessa maneira, Rosa iniciou estudos nessa área começando por um curso pequeno com uma terapeuta norte-americana sobre o Child Lived onde o ‘brincar’ é o principal instrumento na hospitalização e adoecimento infantil.
Fez uma especialização em psicopedagogia clínica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ – onde foi a primeira terapeuta ocupacional a cursar nesta área. Durante o processo de inscrição, teve que passar por uma avaliação para que fosse apta a concorrer com os outros candidatos para o concurso. “Espero não ter sido nem a última nem a única” Disse sobre essa experiência.
A chance de ser terapeuta ocupacional num hospital pediátrico veio com um concurso para a fundação municipal de saúde de Niterói, mas as distribuições das vagas a levaram para um hospital psiquiátrico, onde conheceu o Marcos Vinícius (nosso professor).
Conheceu uma psiquiatra psicanalista infantil que trabalhava com o ‘brincar’ como recurso terapêutico para hospitalização e adoecimento na infância e em 1996 foi cedida para o instituto Fernandes Figueira, da FIOCRUZ, onde trabalha até hoje com esse projeto.
Terminou a especialização e fez mestrado e doutorado em saúde da criança e da mulher usando sempre a perspectiva do ‘brincar’ como recurso e após um tempo, as circunstâncias a tornaram coordenadora do programa até que em 2006 a Fiocruz abriu um concurso para pesquisador na área de Terapia Ocupacional e desde então, deixou de ser cedida passando a pesquisadora desta casa.
A profissional
O programa que Dra. Rosa desenvolve engloba: assistência, ensino e pesquisa na área de saúde da criança e adolescente com caráter interdisciplinar.
A assistência do programa é conjunta e os profissionais atendem a todas as crianças hospitalizadas. Dessa maneira, o atendimento deixa de ser em Terapia Ocupacional, mas a formação possibilita a intervenção para diminuição do stress, angústia, ansiedade, facilita o processo de aprendizagem e relações dentro do ambiente hospitalar para que a criança possa assimilar o que está acontecendo dentro do processo de hospitalização e adoecimento.
Além disso, Rosa participou da comissão de discussão sobre humanização e ainda participa do grupo de cuidados paliativos. Também faz parte da comissão de residência multiprofissional em saúde da criança e adolescentes cronicamente adoecidos. Essa residência recebe 7 categorias profissionais, atualmente, 2 residentes são de Terapia Ocupacional
Lígia, terapeuta formada a um ano do interior de São Paulo prestou concurso e é residente no projeto multidisciplinar.
Esquematizando, Rosa trabalha em duas frentes. Uma com projeto ‘’Saúde e Brincar’’ na saúde da criança e outro na residência em Terapia Ocupacional, onde supervisiona junto com uma colega, Fernanda Mali. São projetos distintos que em alguns momentos trabalham juntos.
Recursos Terapêuticos
“Primeiro recurso terapêutico: ‘brincar’. E não é brinquedo, é brincar. O brinquedo usa como um material, como um instrumento, mas o recurso terapêutico é o brincar.”- disse quando questionamos quais recursos terapêuticos eram usados no projeto.
Na Terapia Ocupacional, costuma-se usar o brincar como algo para se atingir um outro objetivo, o chamado ‘atividade meio’. No Saúde e Brincar a proposta não é essa, o objetivo é usar esse recurso de maneira livre e espontânea, de escolha absoluta da criança possibilitando o direito de escolha, de expressar o que gosta e principalmente o direito de ter prazer nesta atividade.
Tudo isso é considerado porque o brincar é garantido na constituição e é de grande importância no desenvolvimento infantil. Quando há o adoecimento e/ou internação infantil, esses processos são colocados em risco.
O conceito do saúde e brincar não tem a mesma idéia da brinquedoteca, mas sim a intenção de montar o setting terapêutico no meio dos espaços hospitalares e assim tornar a ação lateralizada e visível a todos que estejam por perto.
Considerando esses aspectos, chegamos ao ponto em que indagamos quais materiais podem ser utilizados pelo projeto. A resposta é simples: só se usam materiais que podem ser limpos, esterilizados com álcool 70º.
A prática do Saúde e Brincar
A avaliação dos pacientes é feita diariamente pela manhã por uma equipe que vai até os leitos para identificar quais as crianças e suas necessidades assim, há um certo planejamento na distribuição das atividades levando em consideração a situação e condição de cada criança.
Após cada dia de atendimento, é feita uma espécie de estudo de caso multidisciplinar para que seja observado cada caso por diversos pontos de vista.
Esse trabalho envolve também todo o contexto em que a criança está envolvida , pois deve-se considerar que a família, residência, escola e etc; tudo isso afeta diretamente o tratamento dessa criança.
É válido ressaltar que o foco do programa não é o brinquedo, e sim o ‘’Brincar’’. O brinquedo é apenas um objeto, que, inclusive, pode ser adaptado e modificado para os mais diversos atendimentos.
O Programa Saúde e Brincar, possui uma sala, no Insituto Fernandes Figueira.
O interessante é que a sala é repleta de brinquedos, dos mais diversos tipos, um verdadeiro paraíso infantil.
As participantes do Programa, usam jalecos diferentes, eles são coloridos e com botões em forma de bichinhos. Uma forma de facilitar a aproximação em crianças, e de expressar, indiretamente, a alegria do Projeto.
Não há o uso de tecnologias mais avançadas como recurso terapêutico. Já foi usado o Kidsmart(computador), porém ele está quebrado.
Dra. Rosa nos relatou que alguns adolescentes conseguem um laptop, logo, há uma maior comunicação com o mundo, inclusive, sua residente já auxiliou uma jovem a fazer um diário virtual que refletisse essa nova condição de vida. Com a Terapeuta Ocupacional Fernanda Maia, há uma perspectiva de que a Comunicação Alternativa seja mais explorada, porém o objetivo do Saúde e Brincar, é o brincar livre.
Rasgar elogios a Dra. Rosa será redundância. Esperamos que no vídeo que fizemos, todo o nosso carinho e admiração já estejam expressos.
É confortante saber que a Terapia Ocupacional tem profissionais tão competentes e brilhantes!
Mais uma vez, obrigada, Dra. Rosa!
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